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SOBRE

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Quando eu era criança, minha mãe costumava contar histórias pra que eu dormisse. Havia aquele momento em que ela achava que eu tinha adormecido, porém em realidade, o que acontecia era o contrário. Ao mínimo espaço de tempo de silêncio da mãe, eu abria os olhos e pedia mais uma história. A minha favorita era “A Branca de Neve” e minha mãe enrolava tanto até chegar ao final, para que eu dormisse que lembro com exatidão a forma como explicava cada um dos anões. Além disso, lembro-me de passar pela rua onde morava cantando as músicas e imaginando minha vida como a da personagem principal.

Minha mãe foi uma grande contadora de histórias o que me fez crescer ouvindo as histórias dos amigos e imaginando outras possibilidades para suas vidas. Com a minha vida não tem sido diferente. Trabalho com educação voltada à sensibilidade e as minhas principais ferramentas são as histórias.

No meu fazer de educadora percebi muitas formas de interagir com os alunos e todas elas conseguiria contar em pequenas histórias, sobre cada um deles. Minha memória se recorda da Branca de neve, de todos os anões, das histórias dos meus alunos e algumas outras que criei ao longo do tempo. Eu não seria a Silvia sem contar, ouvir e escrever histórias ficcionais ou reais.

Sou formada em História (note as linhas se cruzando) e pós-graduada em Cultura Digital e Redes Sociais. Interesso-me por tudo o que é antigo em consonância com o que há de mais novo, o que Cazuza chamava de “museus de grandes novidades”.

Pari o Laboratório de Histórias de maneira orgânica, natural e livre. O projeto começou em 2015, quando era professora de história em escolas públicas. Lá, percebia que os alunos tinham dificuldades imensas em escrever textos pequenos e simples, desta forma, comecei a exercitar estímulos para que todos pudessem desbloquear a escrita. De lá para cá, os projetos se estenderam para fora das escolas e tornaram-se eventos para qualquer pessoa que tenha a necessidade ou desejo de escrever. Em 2019, a prática se tornou mais objetiva com o Laboratório de Histórias.

Além disso, nunca deixei de escrever, afinal as práticas de estímulo à escrita foram exercícios que aplicava a mim mesma para começar um texto. Em 2011, comecei a escrever em blogs sobre história do cinema, teatro, música e literatura. Muitos personagens, universos e sensações estavam apenas nos meus diários, no entanto. Em 2017, todos os seres que se encontravam em mim, saltaram pelas minhas mãos e por estes membros nasceram.

Em 2020, criei o Diário da Peste, publicação em zine sobre a poética do isolamento social em consequência ao Corona Vírus. Neste mesmo ano, iniciei a Residência Artística com a orientadora criativa Silvana Leal, no Ateliê Casa das Ideias, em que o projeto intitula-se “Arqueologia do Eu”, um livro de contos com todos os seres que me habitam.

*foto de Silvana Leal. Produção Ateliê Casa das Ideias*

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